Estava em casa num passado recente, quando, ao caminhar pra cozinha e passando pela porta de entrada, percebi alguns papéis arremessados por baixo da porta. Os apanhei e percebi que eram orações que os católicos usam para falar com Deus.
Achei muito interessante os dizeres! Primeiro porque expressavam uma distância muito grande entre o proponente da oração e Deus, segundo, era uma oração interesseira, do tipo me dê isso e eu farei aquilo. Por conta disso percebi que quem jogou as orações por baixo da minha porta estava pagando a sua promessa, por mais que eu ache que o pagamento foi mais por desencargo de consciência do que por agradecimento. Se fosse por agradecimento a pessoa viria pessoalmente e contaria o que havia recebido de Deus.
Semanas mais tarde li o salmo 142 e fiz associação à oração que havia recebido por baixo da minha porta. Percebi que a oração “da porta” não era igual à oração “da caverna”. No salmo 142, Davi, o escritor, está aflito, escondido em uma caverna, sendo perseguido por inimigos. Eles está só, não tem um lugar para onde ir, quase como alguém que está num tunel sem saída. Davi não tem mais para quem ir e derrama a sua alma perante o Senhor. Ele chega a confessar a Deus que sua vontade de viver está terminando quando fala no versículo 3 que o sei espírito se esmorece dentro dele. Suas forças estão no fim, as físicas, as emocionais e talvez até mesmo as espirituais. Talvez tenha sido um último grito de socorro a Deus.
Há muitas pessoas que se sentem assim como Davi, quase sem forças, mas gritam a quem não os pode atender. Outras perdem suas forças com as coisas que não tem valor e quando vêem as dificuldades de verdade, são derrubados como um castelo de cartas.
Mas uma outra coisa me chama a atenção para a diferença entre a oração da porta e a da caverna. O que está nov ersículo 7.
Na oração da porta li que, se Deus concedesse o pedido a quem o fez, que ela distribuiria mais daquelas orações a outras pessoas. No mundo materialista e egocêntrico em que vivemos não me espanta que tenha sido algo para si mesmo ou material. Pelo que percebi, como relatei acima, a pessoa foi atendida, mas a forma de agradecer foi muito inferior ao que talvez ela tenha recebido. A impessoalidade e a forma banal como os papelinhos foram jogados debaixo da porta dão a entender isso. Algo assim: “Vou fazer a minha parte e minha consciência estará tranquila!”.
Com a oração da caverna é diferente. A oração não pede por bem material, mas pede por sua vida. Davi está pedindo que Deus lhe dê mais forças para viver, que sua alma seja reanimada. Sua alma está presa como se em uma prisão. Davi poderia pedir que Deus lhe desse uma oportunidade de vigança, ou que uma arma aparecesse como por milagre ou que um grande exército aparecesse para ajudá-lo a derrotar seus inimigos. Entretanto, Davi vai no ponto da questão: sua vida e o significado dela segunda a perspectiva de Deus. Para Davi, sua vida vem de Deus e por isso só Deus pode dar sentido a ela. Naquele momento ela não estava fazendo sentido para Davi e ele clama a Deus, não para entender, mas para que ela valha a pena!
Há humildade em Davi em reconhecer suas fraquezas, não só as físicas e emocionais, mas até mesmo as espirituais, quando afirma que os seus perseguidores são mais fortes que ele.
Nos dias de hoje sempre queremos dar um jeito em tudo. Fazemos a oração da porta, vamos a tal igreja e damos um boa oferta, acendemos uma vela para um santo, tomamos um passe e nos benzemos. Tudo parte do pressuposto que nós é que fazemos algo por nós mesmos.
Na oração da caverna é diferente. Davi reconhece a soberania de Deus, se humilha diante dele, reconhece-O como senhor da sua vida, como fonte de suas forças. Isso só poderia se dar mediante um relacionamento pessoal. Isso! Davi tinha um relacionamento pessoal com Deus. Isso não é novidade pra ninguém (quer dizer, para alguns pode ser!).
É por conta de conhecer Deus e de ter experimentado o Seu livramento outras vezes, é que Davi se dirije a Deus, sem formalidades, derramando a sua alma, aproveitando a escuridão da caverna, a solidão, para ser quem de fato é, e aguardar do Senhor o socorro bem presente na hora da angústia.
Finalizo chamando a atenção para como Davi termina a sua oração. Ele pede para Deus tirar a sua alma do cárcere para que ele possa louvá-lo. Davi diz pra Deus que é dependente de Deus para louvá-lo. Paulo já dizia que Deus opera em nós tanto o agir quanto o querer. Davi já havia entendido isso há muito tempo antes de Paulo. Engraçado é que ambos são conhecidos por terem tido relacionamentos íntimos e pessoais com Deus.
A oração da caverna redunda em louvor a Deus, em pessoas juntas para glorificá-lo, em compartilhar de alegria com outros que caminham no caminho reto aos olhos de Deus.
Portanto, quando estiver sozinho(a), se sentindo abandonado(a) não corra para as orações pré-fabricadas, mas derrame a sua alma aos pés de Deus, reconheça as suas limitações, peça que ele lhe renove o espírito de vida e aprenda a louvá-lo pelo que Ele é e não apenas pelo que faz.
Abraços,
Dinê
Achei muito interessante os dizeres! Primeiro porque expressavam uma distância muito grande entre o proponente da oração e Deus, segundo, era uma oração interesseira, do tipo me dê isso e eu farei aquilo. Por conta disso percebi que quem jogou as orações por baixo da minha porta estava pagando a sua promessa, por mais que eu ache que o pagamento foi mais por desencargo de consciência do que por agradecimento. Se fosse por agradecimento a pessoa viria pessoalmente e contaria o que havia recebido de Deus.
Semanas mais tarde li o salmo 142 e fiz associação à oração que havia recebido por baixo da minha porta. Percebi que a oração “da porta” não era igual à oração “da caverna”. No salmo 142, Davi, o escritor, está aflito, escondido em uma caverna, sendo perseguido por inimigos. Eles está só, não tem um lugar para onde ir, quase como alguém que está num tunel sem saída. Davi não tem mais para quem ir e derrama a sua alma perante o Senhor. Ele chega a confessar a Deus que sua vontade de viver está terminando quando fala no versículo 3 que o sei espírito se esmorece dentro dele. Suas forças estão no fim, as físicas, as emocionais e talvez até mesmo as espirituais. Talvez tenha sido um último grito de socorro a Deus.
Há muitas pessoas que se sentem assim como Davi, quase sem forças, mas gritam a quem não os pode atender. Outras perdem suas forças com as coisas que não tem valor e quando vêem as dificuldades de verdade, são derrubados como um castelo de cartas.
Mas uma outra coisa me chama a atenção para a diferença entre a oração da porta e a da caverna. O que está nov ersículo 7.
Na oração da porta li que, se Deus concedesse o pedido a quem o fez, que ela distribuiria mais daquelas orações a outras pessoas. No mundo materialista e egocêntrico em que vivemos não me espanta que tenha sido algo para si mesmo ou material. Pelo que percebi, como relatei acima, a pessoa foi atendida, mas a forma de agradecer foi muito inferior ao que talvez ela tenha recebido. A impessoalidade e a forma banal como os papelinhos foram jogados debaixo da porta dão a entender isso. Algo assim: “Vou fazer a minha parte e minha consciência estará tranquila!”.
Com a oração da caverna é diferente. A oração não pede por bem material, mas pede por sua vida. Davi está pedindo que Deus lhe dê mais forças para viver, que sua alma seja reanimada. Sua alma está presa como se em uma prisão. Davi poderia pedir que Deus lhe desse uma oportunidade de vigança, ou que uma arma aparecesse como por milagre ou que um grande exército aparecesse para ajudá-lo a derrotar seus inimigos. Entretanto, Davi vai no ponto da questão: sua vida e o significado dela segunda a perspectiva de Deus. Para Davi, sua vida vem de Deus e por isso só Deus pode dar sentido a ela. Naquele momento ela não estava fazendo sentido para Davi e ele clama a Deus, não para entender, mas para que ela valha a pena!
Há humildade em Davi em reconhecer suas fraquezas, não só as físicas e emocionais, mas até mesmo as espirituais, quando afirma que os seus perseguidores são mais fortes que ele.
Nos dias de hoje sempre queremos dar um jeito em tudo. Fazemos a oração da porta, vamos a tal igreja e damos um boa oferta, acendemos uma vela para um santo, tomamos um passe e nos benzemos. Tudo parte do pressuposto que nós é que fazemos algo por nós mesmos.
Na oração da caverna é diferente. Davi reconhece a soberania de Deus, se humilha diante dele, reconhece-O como senhor da sua vida, como fonte de suas forças. Isso só poderia se dar mediante um relacionamento pessoal. Isso! Davi tinha um relacionamento pessoal com Deus. Isso não é novidade pra ninguém (quer dizer, para alguns pode ser!).
É por conta de conhecer Deus e de ter experimentado o Seu livramento outras vezes, é que Davi se dirije a Deus, sem formalidades, derramando a sua alma, aproveitando a escuridão da caverna, a solidão, para ser quem de fato é, e aguardar do Senhor o socorro bem presente na hora da angústia.
Finalizo chamando a atenção para como Davi termina a sua oração. Ele pede para Deus tirar a sua alma do cárcere para que ele possa louvá-lo. Davi diz pra Deus que é dependente de Deus para louvá-lo. Paulo já dizia que Deus opera em nós tanto o agir quanto o querer. Davi já havia entendido isso há muito tempo antes de Paulo. Engraçado é que ambos são conhecidos por terem tido relacionamentos íntimos e pessoais com Deus.
A oração da caverna redunda em louvor a Deus, em pessoas juntas para glorificá-lo, em compartilhar de alegria com outros que caminham no caminho reto aos olhos de Deus.
Portanto, quando estiver sozinho(a), se sentindo abandonado(a) não corra para as orações pré-fabricadas, mas derrame a sua alma aos pés de Deus, reconheça as suas limitações, peça que ele lhe renove o espírito de vida e aprenda a louvá-lo pelo que Ele é e não apenas pelo que faz.
Abraços,
Dinê