quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Destino: naufrágio

Há um hino na hinódia cristã batista que é muito conhecido e apreciado por muitos cristãos ao redor do mundo, o 398 do Cantor Cristão – Sou Feliz. É um hino com um conteúdo fantástico, profundo, bíblico, que exalta a graça, o suporte, a misericórdia, a salvação e tantas outras qualidades e coisas que Deus fez por nós.
Interessante é conhecer um pouco do contexto desse hino, de quando e por quem foi escrito e em que situação. Horatio Gates Stafford (1828 – 1888) foi quem o escreveu em um momento muito difícil de sua vida, talvez o mais: a morte de suas filhas em um naufrágio.
Fico pensando em como um homem que acaba de perder as filhas repentinamente consegue escrever sobre felicidade. Creio que isso só se deve, em primeiro lugar, à ação do Espírito Santo em sua vida e, em segundo lugar, na tamanha intimidade com Deus.

Recentemente, meu pastor, Pr. Norton Lages, pregou um sermão em Mc 4.35-41, a passagem que relata Jesus acalmando a tempestade.
Durante seu sermão eu fiquei meditando sobre esse fato e o que poderia representar na minha vida e na vida de muitos.
É fato que Jesus disse antes de entrar no barco que eles deveriam ir para a outra margem, mas creio que o objetivo de Jesus nessa viagem de barco não fosse chegar à outra margem, mas passar pela tempestade.
Era ainda o início da caminhada dos discípulos com Jesus e eles precisavam conhecer o mestre, saber quem de fato ele é. Não apenas mais um rabino, um louco na verdade, por ter escolhido fracassados segundo a sociedade, mas o filho de Deus, o próprio Deus encarnado.
Creio que o objetivo de Jesus era ser conhecido por seus discípulos por suas características pessoais tais como criador dos céus e da terra, Deus poderoso, de que tudo está submetido ao seu eterno poder, que Ele nos ama e por isso se importa conosco. Todas essas são qualidades pessoais de Jesus. Jesus quer ser conhecido por quem é e não somente pelo que faz.
Muitos, hoje em dia, querem conhecer Jesus que faz milagre, que faz isso, que faz aquilo, que restaura a vida, o Jesus que faz. Esse os discípulos já conheciam pois Jesus já tinha feitos algumas curas e milagres antes desse. Contudo, esse é um milagre novo, porque tem a ver com o domínio sobre a natureza. Entretanto, Jesus vai revelando partes de sua personalidade, do seu eu para que as pessoas sejam íntimas com Ele, porque é isso que Ele quer: que o conheçamos intimamente.

Volto à história do início. A minha grande dúvida era como Horatio poderia ter escrito tão bela poesia num momento de dor profunda. A resposta é que ele conhecia não só o Deus que faz, mas o Deus que É!
Muitas vezes sofremos derrotas, problemas, frustrações e questionamos onde Deus estava naqueles momento. Muitos até o abandonam por conta dessas experiências. Pedimos a Deus para nunca passarmos por elas, mas na verdade, não estamos livres disso, o próprio Jesus falou sobre isso – “no mundo tereis aflições” – Jo 16.33.
Na verdade esses momentos são cruciais na nossa vida se os virmos pelo prisma de Deus. É nesses momento que passamos a conhecê-lo mais por quem é do que pelo que faz. Passamos a ter intimidade com Ele, saber como Ele é, tal qual quando conhecemos um amigo. É por isso que muitas vezes o destino de nossas vidas é o “naufrágio”, a derrota, a frustação e não apenas vivermos de momentos bons onde só agradecemos as bênçãos do Senhor porque ele dá isso, dá aquilo, da aquilo outro. Repare nas orações públicas: raramente alguém louva a Deus pelas suas características pessoais, mas normalmente pelo que ele faz em função da vida da pessoa ou da sua igreja (o que já é um avanço muito grande).

Horatio, o autor da poesia do hino 398 do CC conhecia Deus por quem era, pela sua pessoa, por isso pôde escrever uma melodia tão profunda como essa num momento tão delicado como aquele.
É isso que acontece quando evoluímos em nossa vida cristã, o que Paulo chama de desenvover a nossa salvação (Fp 2.12), passamos do estágio inicial de conhecer a Deus pelo que Ele fez, faz e sempre fará, para o estágio que conhecê-lo por quem ele de fato É.

Não desejo naufrágios para ninguém, mas se isso acontecer ou já tiver acontecido em sua vida lembre-se que Deus pode estar te dando a oportunidade de conhecê-lo profundamente, intimamente, de saber quem Ele É!

Desejo que Jesus sempre esteja no seu barco, não só para acalmar as tempestades e ser garantia de chegada à outra margem, mas principalmente para que você o conheça por quem É!

Boa viagem!

Dinê

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A soberba

Recentemente participei de um evento de formatura de uma escola em Manaus para o qual fui convidado por um dos formandos a dar uma palavra à turma que colava grau.
Antes do evento começar, conversava com um padre que estava lá para a mesma finalidade que eu. Conversávamos sobre a humanidade e sua terrível escolha em se distanciar de Deus e de Seus preceitos. O padre olhou para mim e disse que tudo era culpa da soberba humana.
Desde lá venho pensando sobre isso, a soberba humana.
Somos o suprasumo da cadeia alimentar, o único animal racional que existe, capazes de pensar, executar o pensamento, de nos emocionarmos, enfim, somos seres complexos e desenvolvemos uma sociedade igualmente complexa.
Nos últimos 100 anos temos avançado de maneira incrivel na área de tecnologia, conhecimento, medicina e tantas outras. Temos tudo para acharmos que somos os nossos próprios deuses.A sociedade tem se convertido à religião de si mesma – o egocentrismo! De fato, é o que tem acontecido.

Juntando todo esse aparato de conhecimento, desenvolvimento e tecnologia com um distanciamento progressivo de Deus durante todo esse processo, o homem se encheu de si mesmo e se acha “the king of black cocade” (entenda-se “o rei da cocada preta” – expressão jocosa usada por um primo distante meu!).
Não se engane achando que esse é um problema só de quem não teme a Deus. Lidamos muitas vezes com essa doença nas igreja, porque, infelizmente, a igreja de Jesus, está mundanizada. Aliás se há uma forma de acabar com a igreja de Jesus é com soberba.
Mas há uma forma de soberba que passa desapercebida por nós. Não sei como denominá-la, mas é um mal do nosso século. Esta geração está acostumada a ser tudo e a fazer tudo. Temos tudo à mão e com facilidade extrema. Isso nos dá uma sensação de poder e auto-sucifiência muito grande, a ponto de tal sensação só ser pertubada quando de grandes catástrofes, quando nos perguntamos onde Deus estava que permitiu tudo isso. Acontece que nos esquecemos que somos a origem por trás das causas de tais catastrofes, tudo isso por causa da soberba.
Talvez a melhor definição para essa soberba seja a soberba do dia-a-dia. Sim, somos soberbos todos os dias e não nos damos conta disso. É esse mal que tem atingido fortemente a igreja de Jesus. Por nos acharmos auto-suficientes, cremos que não precisamos mais de Deus para as coisas do dia-a-dia. Não colocamos a nossa agenda, planos futuros e decisões diante de Deus submetendo-os à sua aprovação.
Um(a) jovem não precisa mais da orientação de Deus sobre que carreira seguir já que Deus não tem nada a haver com a forma como vou investir meu tempo e recursos para me sustentar e formar um núcleo familiar. Por falar em família, ninguém mais usa os princípios de Deus para buscar constituir família. Ninguém se submete à economia de Deus mas sim ao Deus do cartão de crédito na pseudo sensação de que pode comprar tudo.
O mais interessante de tudo isso é que há milhares de anos agimos soberbamente e não conseguimos perceber, como humanidade, que estamos errados. Em vez do mundo melhorar, só piora. O pior é que vemos isso tudo e ainda achamos que nós mesmo podemos consertar os nossos erros. O que fazemos? Passeatas pela paz (nunca vi passeata pela paz diminuir índice de violência), encontros internacionais (não conheço um que tenha dado certo), abaixo assinados (que são engavetados) e uma série de outras coisas que não dão em lugar nenhum.

A Bíblia diz que Deus resiste aos soberbos (Tg 4.6). Além disso, Deus também não é do tipo de Deus intervencionista. Ele nos dá o livre arbítrio para fazermos as nossas escolhas e arcarmos com as consequências. O problema é que já está mais do que provado que não sabemos fazer escolhas por nós próprios.
Precisamos reconhecer que precisamos de alguém que seja completamente puro, sem erros e que tenha uma visão do todo para nos guiar pela vida. Com essas características só conheço um: Deus.
Já tentamos na filosofia, não deu certo. Matamos Deus!
Tentamos na política. Sem comentários!
Substituímos Deus por outros “deuses”. Não funciona! É só ir à India para perceber isso.
Não tem jeito! Só reconhecendo que somos pó e ao pó voltaremos e assim reconhecendo Deus como o supremo guia para as nossas vida e autor e doador de tudo o que conseguimos até agora é que vamos conseguir algum tipo de paz: a que excede todo o entendimento.

Deixe Deus ser Deus e você verá!
Seja humilde porque Deus não rejeita um coração humilde e quebrantado – Sl 51.17

Abraços,

Dinê

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ano Novo, Vida Velha.

Ano novo é uma época interessante para o ser humano. As pessoas parecem fazer parecer com que suas vidas tenham sido “resetadas” e começem do zero, a partir do dia 1 de janeiro.
É muito comum ver e ouvir das pessoas o desejo de que o ano novo seja diferente, com muita paz, com alegria, com uma série de coisas boas, com dinheiro, etc.
É curioso como elas desejam que isso aconteça sem fazerem nada em função de seus desejos. Parece que os minutos finais de um ano e os iniciais do seguinte têm um poder de apagar a vida das pessoas sem levar em consideração suas escolhas, decisões e implicações durante todo o ano em que passou. É a sindrome da nossa sociedade imediatista, que só pensa no aqui e agora. É como se a infidelidade ficasse no ano passado e não viesse para este ano, ou se a irresponsabilidade na tomada de decisões deixasse todas as consequências ruins no ano que findou.

Isso me faz lembrar da cadelinha da minha irmã. Seu nome é Marrie. Quando Leilane ou Victor precisam sair de casa, jogam um biscoito para Marrie para que ela tenha algo com o que se entreter e não desembeste porta fora. A sociedade parece lidar como seus problemas como se fossem um cachorro, jogam alguma coisa em algum lugar para fazer com que os problemas fiquem presos em alguma sala ou quarto, mas não é assim que acontece. A traição do marido passa para o ano seguinte. A esposa continua tendo um amante no ano que se inicia, o dinheiro “extra” continua entrando na conta do banco. Todas essas coisas continuam acontecendo porque não há como apertar um botão e fazer com que os problemas ou coisas ruins desapareçam. O ano é novo, mas a vida é velha!

A única coisa que podemos fazer para que essa situação seja diferente é deixar Deus assumir o controle de nossa vida.
É preciso que deixemos de ser soberbos, acreditando que nós no comando vamos dar jeito em alguma coisa. Nossa história como humanidade prova que não. Deixar Deus no controle inplica em reconhecer Jesus como salvador, sim, mas também como Senhor da nossa vida, aquele que detém o poder de decisão do que vamos ou não fazer.

É necessário para isso desenvolvermos a nossa fé, de que Ele sempre fará a melhor escolha. Isso está cada vez mais difícil nos dias atuais devido à volatilidade das decisões e dos contextos de vida e à relativização da verdade. Contudo, crer em Deus, significa remar contra essa grande maré e tentar ficar quieto exercitando a nossa fé de que Deus sabe o que está fazendo.

Um terceira coisa (e última por hoje), é nos relacionarmos com Deus de maneira pessoal. Se Ele sabe das coisas e pode fazer a nossa vida dar certo, tal como desejamos em todos os primeiros dias de todos os anos, precisamos estar sempre com essa pessoa, precisamos colar nela, andar com ela. Seria “bem fácil” se Deus fosse de carne e osso, mas como ele é espírito, para muitos isso se torna difícil. Ledo engano, é isso que facilita, porque, como Ele é onipresente (uma de suas características que não compartilha conosco), ou seja, pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo (não me pergunte como isso é possível. Ele é Deus!), podemos estar juntos dele a qualquer hora e termos a certeza de que Ele está conosco. Há quem vá pensar que escrevendo (ou pra você, lendo) assim é muito fácil, e é mesmo. Há duas coisas que podemos fazer (isso envolve ação, agir) que vão nos fazer sentir essa presença: ler o manuel de operações e estar constantemente em contato com o SAC divino (para quem ainda não entendeu, ler a bíblia e orar!).
Os antigos já diziam e é uma grande verdade e sempre será, é uma disciplina espiritual que precisa ser pratica e não só conhecida. Mas como vivemos na era do conhecimento parece que só o fato de “sabermos” já é o suficiente para “termos”, mas vamos continuar miseráveis, pobres, cegos e nús parafraseando Jesus em sua carta à igreja de Laodicéia em Apocalipse 3.

Não há mal nenhum em começar um ano novo desejando que ele seja bom, entretanto, não adianta tentar trancar nossos problemas dentro de casa jogando biscoitinhos para eles crendo que ficarão no ano que passou. Precisamos sim ser humildes, reconhecer e deixar o senhorio de Cristo ser verdadeiro em nossas vidas e estar com Ele para, aí sim, o ano ser bom, com vitórias (se bem que antes delas vêem as lutas, mas isso é outro capítulo), derrotas (elas podem ser uma bênção, mas isso também é outro capítulo) e outras coisas que Deus quizer nos dar.

Meu desejo é que você leitor tenha um feliz ano novo e que sua vida seja renovada todos os dias por quem pode e quer fazer isso: Deus!

Feliz Vida Nova!

Abraços,

Dinê